segunda-feira, 4 de maio de 2015

Uma série bilíngue (Comentários sobre a 1ª temporada de The Bridge)



        Certa noite, a detetive Sonya Cross é chamada para uma cena de crime na ponte que liga os Estados Unidos ao México. Chegando lá se depara com um corpo que ocupa exatamente o meio da fronteira, sendo parte dele sobre o México e a outra sobre os EUA. O detetive mexicano responsável pelo caso é Marcos Ruiz que não parece muito animado por estar ali e prontamente concorda em deixar o caso para a americana. O que nenhum dos dois esperavam é que o corpo estivesse partido ao meio - na verdade eram duas metades de duas pessoas diferentes: uma parte de uma proeminente juíza americana e a outra de uma mexicana cuja identidade é, ao menos no principio, desconhecida. Para solucionar esse homicídio México e E.U.A. devem de unir e Marco e Sonya passam a trabalhar juntos. 
      Essa série saiu a alguns meses na Netflix e, por motivos que até hoje desconheço, abandonei toda a minha lista de séries que já acompanho e fui assistir o primeiro episódio. Talvez a capa tenha me chamado a atenção, não sei. Seja lá o que foi apenas se consolidou com um primeiro episódio interessante e intrigante, que parece convidar o espectador a descobrir (juntamente dos detetives) a identidade do assassino. Inseri essa série na minha lista e, apesar de tudo, não me arrependi. 
        Além do tradicional jogo de gato e rato entre polícia e assassino, que é algo que sempre me atrai, a série também conta com personagens multifacetados. Sonya é uma excelente detetive mas que provavelmente possui Sindrome de Asperger, um leve grau de autismo, devido a sua dificuldade de se relacionar com as pessoas a sua volta. Toda a genialidade e atenção de Sonya para detalhes desaparece quando tem que lidar com pessoas e seus sentimentos. Ela ainda tenta superar o assassinato da irmã, que foi assassinada quando Sonya tinha 16 anos: o assassino foi incapacitado e nunca pode responder pelo crime mas Sonya costuma visitá-lo (o que demonstra ainda mais a pertubação da personagem). 
        Quanto a Marco, é o tipico policial de carreira: tranquilo, pai de família, devotado a esposa e aos filhos. Isso até o episódio 5, mais ou menos, quando começamos a nos questionar o quanto dessa postura devotada é só uma máscara. Além disso, embora seja um dos mais honestos da polícia de Juarez, perto de Sonya, Marco não chega a ser um poço tão grande de ética. Juntos, essa dupla que parece improvável, alcança um equilíbrio invejável e tornam-se incansáveis na busca pelo culpado. 
     Além desses dois, temos uma viúva inescrupulosa, um personagem misterioso da fronteira, um jornalista viciado e outra jornalista iniciante que tem problemas em casa devido a sexualidade. Isso sem falar do mentor de Cross, Hank, e da esposa e filho de Marco, personagens recorrentes. 
    Nessa mistura de histórias, a identidade do assassino pode passar despercebida mas não por muito tempo. Lá pelo episódio 9, o mistério da identidade do assassino é revelado, o que nos dá mais 4 episódios apenas de ramificações das decisões que os personagens tomaram até ali. No inicio não gostei muito disso, achei o nível de drama meio forte demais pro meu gosto, mas logo entendi que foi uma decisão acertada. Quanto tempo teriam conseguido manter a revelação do assassino um mistério? Além disso, sou uma fã de epílogos e esse conseguiu ultrapassar as minhas expectativas, pois mostrou que, embora coisas horríveis possam acontecer, o trabalho dos policiais nunca termina.
       O episódio final me deixou curiosíssima para a próxima temporada mas, infelizmente, ainda não lançaram na Netflix. Numa pesquisa na internet descobri duas coisas (uma interessante e outra péssima):
        1 - The Bridge é inspirada numa série escandinava homônima. Aliás, inspirada não, é a versão americana da série - a história de ambas é idêntica, só muda os atores e o local. 
           2 - Embora a versão escandinava siga firme e forte, a versão americana (que foi a que eu assisti) foi cancelada depois da segunda temporada.
            Essa segunda notícia já me desanimou num nível extremo. Sim, poderia continuar acompanhando pela versão escandinava mas ela não terá uma das coisas que mais achei diferente em The Bridge: o fato de ser uma série bilíngue, como coloquei no título. Claro, a outra versão deve manter esse aspecto mas duvido muito que as duas línguas faladas sejam o espanhol e o inglês

             Enfim, agora não sei se assistirei a segunda temporada, sabendo que não terá continuação depois dessa. Talvez um dia, se sair na Netflix. De qualquer modo é uma série bem interessante e diferente, que não me arrependo de ter assistido. Apesar de algumas histórias paralelas tomarem uns caminhos meio chatos e desinteressantes, a história principal, protagonizada por Marco e Sonya, vale a pena todos os momentos entediantes. 
             Se você gosta de histórias policiais com um traço dramático, veja em The Bridge uma alternativa de entretenimento digna. A série conseguiu me surpreender em diversos momentos, me causando empolgação ou decepção quando eu menos esperava - e olha que eu sou muito chata para tramas como essa, fico o tempo inteiro tentando "matar" a história. 
             Enfim, não seja um cabrón, e veja logo The Bridge. See ya, folks! 

P.S.: Você que leu que existe um policial masculino e um feminino agora deve estar cometendo o mesmo erro que eu e pensando em Shippar Marco e Sonya. Se você pensou nisso, pare! Sério, pare agora. É mais fácil os dois jornalistas, Daniel e Adriana, terem algo (esse segundo 'casal' que postei a foto) do que Sonya e Marco. E, quando digo isso, tenho consciência de que Adriana é gay - pra vocês verem o quão bizarro e impossível é Marco e Sonya.
 
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