domingo, 13 de março de 2011

Resenha do filme "O discurso do Rei"

          “Vida longa ao Rei!”


           O príncipe Albert, Bertie para os familiares, tem um problema desde os 4 anos: É gago. Ao longo de sua vida ele tentou diversos médicos e tratamentos mas nunca havia superado o problema. Seu pai, George V, costumava “implicar” com o filho gritando “Bote para fora!” toda vez que este começava seus gaguejos. Seu irmão David também não deixa por menos e caçoou dele durante toda a vida.

            Sua situação já era incomoda, mas facilmente contornada uma vez que, como segundo filho do rei, Albert não iria assumir o trono. Ou seja, seus constrangimentos em discursos eram apenas ocasionais.

            Mas então David renuncia ao trono, para se casar com uma mulher divorciada (isso não é aceito pela igreja). E adivinha para quem sobra o papel de Rei? Ao principe Albert. Ou melhor: à sua majestade o Rei George VI.


            O filme é muito bom. Como ganhou quatro Oscar, tentei “prestar atenção” em todos os quesitos em que ele foi ganhador: Direção, roteiro, melhor ator e o maior dos prêmios: Melhor filme.

            Não sou especialista em cinema mas achei a direção muito boa. Algumas cenas são memoráveis, uma delas a do final. O diretor soube conduzir muito bem esse, também ótimo roteiro. Realmente é fantástico você criar uma história de sua cabeça mas, trabalhar com fatos que de fato aconteceram e de maneira tão interessante também é igualmente fantástico. Eu fiquei me perguntando durante todo o filme como ninguém antes havia resolvido contar essa história?! Minha teoria é de que o cinema esteve muito mais interessado em contar a história do irmão, David. Afinal é muito mais romântico um homem que renunciou a seu país para ficar com seu amor, não é?
            Muitos podem pensar assim, mas nesse filme acontece o famoso outro lado.  Achei a atitude de David covarde e imatura. Abandonar seu país, seu povo, justo num momento tão critico, as vésperas de uma segunda guerra não é nada honrado.

David, o irmão que abdicou de ser rei.

            Mais romântico foi a atitude de George, que lutou contra suas próprias limitações (a gagueira e o sentimento de inferioridade) por amor ao seu país. Ele não acreditava que pudesse ser um bom rei e tinha um pavor quase mítico de discursar no rádio mas superou tudo isso e fez o famoso “Discurso do rei” que dá o nome ao filme. A cena em que George vê Hitler discursando (todo mundo sabe que Hitler era de uma oratória impressionante) e comenta que o homem discursa muito bem é uma cena de reflexão: Um líder nazista com ótima oratória, contra um Rei que gagueja? Imagine como ficaria o povo.


Bertie e seu "fonaudiólogo", Lionel Logue.
           
           Por isso o discurso do rei é tão importante. Esse discurso é o primeiro dele, depois de declarar guerra à Alemanha.  Serviu para tranqüilizar o país, para dar confiança ao povo e restaurar as esperanças, apesar de guerra eminente.
Ao ouvir o discurso final e vendo toda a Inglaterra ao redor de uma pequena caixa, retirando a confiança de que precisavam nesse momento do discurso de seu Rei, foi impossível conter as lágrimas. Não sou inglesa nem tenho qualquer vinculo com a Inglaterra mas o sentimento de patriotismo que há nesse final contagia qualquer um.

Deve ser por isso que o filme ganhou o Oscar. Mesmo contando uma história britânica o filme evoca sentimentos comuns a todas as pessoas, principalmente aos americanos, que são extremamente patriotas. Eles, que tem um imenso orgulho de seu país e de seu presidente e que também lutaram ao lado da Inglaterra contra Todo-Mal que aconteceu na Alemanha nas décadas de 30 e 40, devem ter se identificado muito mais que eu com essa história britânica.
E por isso eu acho esse Oscar muito válido e merecido. Não sei se o filme é o melhor de todos os indicados, mas acho que o Oscar não é só sobre a qualidade do filme, e olha que o filme tem imensa qualidade.
É também sobre os sentimentos que o filme evoca e, dessa vez, venceram os sentimentos positivos e patriotas de O discurso do Rei, ao invés dos sentimentos perturbadores de Cine Negro, por exemplo.
E o que mais posso dizer? “Vida longa ao Rei!”.




P.S: Durante o filme tive uma sensação de familiaridade toda vez que via a esposa do Rei George, Elizabeth. Além de admirar a atuação dela, ficava remoendo comigo mesma que aquela atriz era incrivelmente familiar. Fui pesquisar então quem era Helena Bonham Carter e levei um susto: Ela vez a Belatrix de Harry Potter e também a Rainha Vermelha de “Alice no País das Maravilhas”. É a famosa “esposa de Tim Burton”. E está irreconhecível nesse papel.

Agora eu pergunto: Cadê o Oscar dessa mulher gente? Concorreu, melhor atriz coadjuvante, mas não levou. WHY?!

 

 

           Post original de Miss Carbono.

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